Crimes de violência sexual na internet são atendidos pelo Conselho Tutelar de Mondaí
Antigamente, crianças e adolescentes eram orientadas a não falar com estranhos nem aceitar nada deles. Esse mesmo princípio vale para o ambiente virtual: na internet, crianças e adolescentes precisam ficar atentos por onde navegam e com quem conversam. É importante, sobretudo, que eles se sintam seguros para compartilhar suas experiências com pais, professores, familiares.
A Conselheira Tutelar Kelly Vanessa Braatz destaca a preocupação com os crimes de violência sexual na internet, sendo que o Conselho Tutelar de Mondaí vem atendendo crimes dessa natureza envolvendo crianças e adolescentes do município. “Devemos sempre orientar as crianças e adolescentes sobre o uso consciente do celular e da internet. Tão importante quanto instruir os filhos a navegar com segurança, é instruí-los a navegar com ética e respeito ao próximo”, comenta Kelly.
No ambiente virtual, a violência sexual se manifesta principalmente na forma do abuso online e da pornografia. O abuso online é a manifestação do abuso sexual por meio da internet. O abusador muitas vezes age de forma sedutora, conquistando a confiança das crianças e dos adolescentes. Ele pode acontecer de diversas maneiras e chegar ou não ao contato pessoal, embora o desejo desse encontro sempre exista. Em alguns casos, porém, o encontro pessoal pode terminar em violência física ou sexual. A conquista da confiança pode ocorrer por meio de uma tática conhecida como grooming, em que o contato é constante e desenvolvido ao longo do tempo. Elogiar, oferecer presentes, chantagear e até intimidar são verbos que fazem parte do cotidiano do abusador. Reconhecer esses abusadores é uma tarefa difícil, pois muitas vezes são pessoas com as quais se convive socialmente, sem motivo específico para desconfiança. Não existe um consenso sobre seu perfil, por isso mesmo, deve se ter cuidado para não levantar falsas acusações contra pessoas inocentes, atribuindo-lhes culpa de forma leviana.
A Pornografia infanto-juvenil é uma forma de exploração sexual definida pela produção, utilização, exibição, comercialização de material (fotos ,vídeos) com cenas de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes ou com conotação sexual das partes genitais de uma criança. A pornografia infantil é um comércio criminoso e rentável, que deve ser denunciado. Crianças e adolescentes são facilmente induzidos a se identificar com promessas mágicas e vantajosas e algumas vezes, acabam cedendo aos pedidos do abusador. Quando a criança não cede ou está na dúvida do que fazer, muitas vezes ocorre uma situação de medo ou constrangimento. A tendência da criança é reagir pela paralisia: ela não é capaz de reagir normalmente como faria em outro tipo de situação, dizendo “não quero” ou “não faço isso”, e o abusador sabe disso e acaba tirando proveito da situação.
Algumas crianças e adolescentes podem estar mais vulneráveis ao abuso online, principalmente aqueles que têm baixa auto-estima, não tem com quem conversar e são pouco ouvidos pelos pais, ou, ainda, não sabem com quem tirar suas duvidas. Quanto mais a criança se sentir sozinha, mais está sujeita a entrar nesse jogo cruel de sedução.
Como o abuso online e a pornografia acontecem na internet
- Essas pessoas podem se passar por jovens ou crianças da mesma idade para atrair o interesse com assuntos que agradam suas vítimas potenciais. Valem se da curiosidade natural de crianças e adolescentes por coisas e pessoas novas. Podem, também, oferecer promessas e bens materiais.
- Por meio de informações fornecidas por crianças e adolescentes na internet – principalmente por redes sociais – os potenciais abusadores podem pesquisar e entender os gostos e pontos frágeis das vitimas, facilitando, assim o aliciamento.
- As informações fornecidas inocentemente ou sem querer por crianças e adolescentes servem para que o abusador construa sua falsa imagem e se torne uma pessoa mais interessante para a vítima.
- Os abusadores abordam temas sexuais nas conversas com o propósito de diminuir aos poucos as inibições das crianças e adolescentes.
- Eles podem sugerir a crianças e adolescentes que liguem a câmera de vídeo/foto (webcam) e transmitam suas imagens, as quais são gravadas pelo abusador. Muitos abusadores utilizam essas imagens para chantagear as crianças em busca de mais fotos ou de encontros, sob ameaça de divulgação.
- O abusador pode levar bastante tempo nessa tentativa de sedução, cujo objetivo final costuma ser um encontro físico. Torna-se um “amigo”, cria uma atmosfera de acolhimento e dependência. Com os adolescentes, explora as fantasias românticas, alimentadas por carência emocionais e afetivas, normais para esse período de desenvolvimento em que o adolescente muitas vezes se questiona com relação a sua aparência e desejos sexuais.
- Usam como forma de coação os “segredos” ou pactos que estabelecem com a vítima, acuando-a para manter o silêncio, fazendo ameaças a criança em relação à família ou a ela própria.
- Estimulam crianças e adolescentes a se acostumarem a olhar imagens pornográficas de outras crianças e jovens em atividade sexual ou expondo sua sexualidade. Assim, essas cenas acabam se tornando naturais para elas, e fica mais fácil de convencê-las a participar de encontros sexuais ou mesmo deixar-se fotografar.
É essencial a atuação de pais, parentes, amigos da família ou responsáveis na proteção de crianças e adolescentes, pois eles podem acompanhar suas atividades em todos os momentos. Dizer “não” também é importante para a proteção da criança quando existem riscos. A interdição ou proibição dos pais ou responsáveis para algumas atividades não pode ser uma restrição sem razão clara. Crianças e adolescentes precisam compreender a decisão dos pais ou responsáveis e conhecer as condições seguras de uso do computador. No decorrer do tempo, eles vão construir o próprio sistema de valores e sua noção de justiça com maior autonomia. O mais importante é que eles tenham nos pais ou responsáveis uma referência de conduta estável, segura e presente.
Em alguns casos são os próprios adolescentes que produzem e enviam material pornográfico ou aliciam outras crianças e adolescentes. Isso acontece principalmente porque existe a idéia de que a internet é uma terra sem lei, em que tudo é possível e onde não há responsabilidade. Um exemplo disso está no costume de criar perfis falsos na internet com o intuito de ter outra personalidade e assim assumir comportamentos inadequados e antiéticos. É importante saber que há diversos meios para identificar as pessoas na internet e que crianças e adolescentes que cometem crimes também estão sujeitos a medidas sócio-educativas previstas em lei.
A porta de entrada para qualquer violência contra crianças e adolescentes é o Conselho Tutelar, que inclui um trabalho em rede, para atendimento, acolhimento, orientações e encaminhamentos das famílias, com profissionais aptos e com prioridade que todo assunto necessita. Em qualquer suspeita de violação de direito de criança e adolescente é fundamental que se faça a denúncia. A denúncia pode ser anônima no DISQUE 100, e o Conselho Tutelar também recebe denúncias anônimas. TELEFONE: 36743152 PLANTÃO: 91569873.
Fonte: Assessoria de Imprensa